segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Dia Internacional para a Tolerância

O Dia Internacional para a Tolerância, é comemorado no dia 16 de Novembro todos os anos, foi instituído pela Organização da Nações Unidas, em reconhecimento à Declaração de Paris, assinada no dia 12 deste mês, em 1995.

A Declaração de Paris fez parte do evento sobre o esforço internacional do Ano das Nações Unidas para a Tolerância. Através dela, reafirmaram-se a fé nos Direitos Humanos fundamentais, a dignidade e o valor da pessoa humana, além da intenção de poupar sucessivas gerações das guerras, por questões culturais.

Com o intuito de comemorar este dia, recordámos, através do diálogo e da leitura, que a prática da tolerância e a convivência pacífica entre todos é um bem necessário para uma maior e melhor cidadania. Também pesquisámos na internet alguma informação e narrámos a história “O barco de papel” e reflectimos sobre ela.

Pesquisa feita no site : Dia Internacional da tolerância - Dossier Tolerância
1995 Ano das Nações Unidas para a Tolerância...
e depois?

Por iniciativa da UNESCO, as Nações Unidas decidiram proclamar 1995 -- ano do cinquentenário das duas organizações -- Ano Internacional da Tolerância.
Os "anos internacionais" são uma ocasião propícia para suscitar ideias novas, organizar debates e sensibilizar para a tomada de consciência. Com frequência dirigem-se a um grupo, a um campo de acção ou a um tema específicos. O Ano Internacional para a Tolerância evidencia uma virtude individual que aparece cada vez mais como uma necessidade política e jurídica para a coexistência pacífica.
Aceitação e apreço da diversidade, capacidade de viver e deixar viver os outros, capacidade de ter as suas próprias convicções aceitando que os outros tenham as suas, capacidade de gozar dos seus direitos e liberdades sem infringir os do próximo - a tolerância foi sempre considerada como uma virtude.
Também é o fundamento da democracia e dos direitos humanos.
A intolerância nas sociedades multiétnicas, multireligiosas ou multiculturais conduz à violação dos Direitos Humanos, à violência e à guerra.
Como conquistar a Tolerância cinquenta anos após os signatários da Carta das Nações Unidas terem decidido "praticar a Tolerância e viver em paz uns com os outros, num espírito de boa vizinhança" e mais de duzentos anos após Voltaire [e John Locke (nota do trad.)] ter travado uma batalha filosófica apaixonada contra a intolerância, o sectarismo e a injustiça que a legitimava?
O Ano da Tolerância serviu para lançar e formular novas e velhas ideias assim como para sensibilizar a opinião pública. Entre as iniciativas individuais figuram o recurso a métodos de ensino tradicionais e locais -- como espectáculos de títeres, marionetas para crianças -- exposições, música e filmes para dar a conhecer melhor outras culturas, regiões e modos de vida.
As actividades da UNESCO a favor da tolerância foram desenvolvidas em zonas em conflito -- por exemplo em Sarajevo, onde se instalou uma emissora de televisão multiétnica, NTV99, graças às doações de vários países europeus -- e em sociedades em situação de pós-conflito -- projectos de reconciliação e reconstrução no Burundi, Moçambique e El Salvador conduziram antigos inimigos a descobrir as necessidades colectivas e o futuro comum.
As escolas foram lugares privilegiados das actividades do Ano. A UNESCO editou A TOLERÂNCIA, suporte da paz, guia didáctico enviado a milhares de estabelecimentos de ensino no mundo solicitando-lhes comentários e sugestões. Em muitos países as escolas organizaram debates nas aulas, concursos de redacção e de desenho, semanas de informação, festivais e programas de intercâmbios escolares sobre o tema da Tolerância.
A UNESCO criou um prémio para a promoção da Tolerância e da não violência e outro para a literatura infantil ao serviço da tolerância. Durante o Ano surgiram iniciativas originais por parte de pessoas que se comprometeram pessoalmente a defender a tolerância colaborando em campanhas de sensibilização da opinião. Seis artistas, entre os mais destacados, exprimiram este ideal por meio de seis bandeiras, símbolos da tolerância; Pierre Cardin, embaixador de Boa Vontade da UNESCO produziu e ofereceu a cada país um jogo destas bandeiras para que sirvam de testemunho intemporal da tolerância a milhões de seres humanos no mundo.
A 14 de Julho de 1995, Jean-Michel Jarre, igualmente embaixador de Boa Vontade da UNESCO, atraiu ao seu concerto pela tolerância milhão e meio de pessoas e muitos outros milhões puderam segui-lo através da sua retransmissão. Mais de duzentos concorrentes participaram no rally de motos de Denver ao Canal do Panamá, organizado pela BMW numa estrada chamada simbolicamente "Caminho da tolerância".
A Tolerância, o multiculturalismo, a diversidade universal, o diálogo religioso e cultural foram temas de debate através de meia centena de encontros nacionais, regionais e internacionais ao longo do Ano. Previstos em princípio como fóruns de intercâmbio de pontos de vista e conhecimentos, estes encontros permitiram reflectir sobre a definição e as condições da tolerância, bem como discutir sobre a estratégia, as orientações para promover a tolerância e combater o ressurgimento da intolerância nos anos vindouros.
Estes trabalhos tiveram como ponto culminante a Declaração de princípios sobre a Tolerância, adoptada e assinada em 16 de Novembro de 1995, dia da celebração do quinquagésimo aniversário da adopção da Constituição da UNESCO.
Os signatários da Declaração afirmam que a tolerância não é só um princípio moral mas também uma necessidade política e jurídica para os indivíduos, os grupos e os Estados. Situando a tolerância em relação aos instrumentos internacionais que dizem respeito aos direitos humanos e que se estabeleceram desde há 50 anos, sublinha-se que os Estados deveriam elaborar, se necessário, novas normas legislativas com o fim de garantir a igualdade de tratamento e oportunidades aos diferentes grupos e indivíduos que formam a sociedade.
Além de se comprometerem a promover a tolerância e a não violência através de programas educativos, os Estados membros proclamaram o dia 16 de Novembro, Dia Internacional para a Tolerância. A Declaração submeter-se-á à aprovação da 51ª reunião da Assembleia Geral das Nações Unidas em 1996.

Tolerância: virtude ameaçada

A proclamação de um Ano internacional para a Tolerância tinha por objectivo imediato sensibilizar os políticos e a opinião pública para os perigos ligados às formas contemporâneas de intolerância. Desde o final da guerra fria, assiste-se a um aumento constante de conflitos de origem social, religiosa e cultural. Com demasiada frequência os referidos conflitos degeneraram em guerra, frequentemente violaram-se os direitos humanos e sacrificaram-se muitas vidas.
Que têm em comum o ressurgimento dos conflitos históricos e dos confrontos armados nos Balcãs e a recrudescência alarmante de agressões racistas na Europa Ocidental? Que laços, se é que existem, unem os grupos extremistas ou os que preconizam a supremacia de uma raça, onde quer que se encontrem no mundo? Que relação há entre o genocídio no Ruanda e as guerras protagonizadas por grupos extremistas religiosos noutros lugares do planeta? Há alguma relação entre os actos de violência cometidos contra escritores, jornalistas e artistas num país e a discriminação que sofrem, noutros, os povos indígenas?
A única resposta que nos ocorre de imediato é que a intolerância progride em todas a partes e mata em grande escala. A intolerância coloca numerosas questões de índole moral. Sempre foi assim. Mas, nos anos 90 a intolerância coloca também questões de carácter político. A intolerância considera-se cada vez mais uma séria ameaça para a democracia, a paz e a segurança. O problema preocupa, com razão, governos e opinião pública. E, contudo, quando se fala de intolerância, as perguntas são mais numerosas do que as respostas.
A intolerância tem estado sempre presente na história humana. Provocou a maioria das guerras, as perseguições religiosas e as confrontações ideológicas violentas. É, pois, inerente à natureza humana? É iniludível? Pode aprender-se a tolerância? Como é que as democracias podem quebrar a intolerância sem fragilizar as liberdades individuais? Como podem estabelecer códigos de comportamento individuais sem legislar e sem controlar o comportamento dos seus cidadãos? Como pode instaurar-se um multiculturalismo pacífico?
Estas questões conduziram em 1995 a debates nos quais participaram representantes de governos, peritos em ciências sociais, juristas, especialistas em direitos humanos, artistas e muitas outras pessoas. Houve um amplo consenso e propuseram-se algumas soluções. Porém, resta ainda muito mais por fazer. Propôs-se convocar uma cimeira mundial contra o ódio. De quanto tempo dispomos antes que rebente a nova crise? Enquanto os ponteiros do relógio giram, ouvimos ressoar as palavras de Wlatko Dizdarevic, chefe de redacção do jornal multiétnico de Sarajevo, Oslobodenje: "Em Sarajevo é o próprio conceito de comunidade multiétnica que se encontra submetido a dura prova; o nosso destino poderia muito bem ser o seu".

Como fazer frente à intolerância
1 - A luta contra a intolerância requer leis:
Todo o Estado tem a responsabilidade de fortalecer a legislação referente aos direitos humanos, proibir e castigar os crimes motivados pelo ódio e a discriminação das minorias independentemente do facto de estes crimes serem cometidos por representantes do Estado, organizações privadas ou indivíduos. O Estado deve garantir um acesso equitativo aos tribunais e aos organismos de defesa dos direitos humanos ou de mediação para que os cidadãos não apliquem a sua própria justiça nem recorram à violência para resolver os seus litígios.
2 - A luta contra a intolerância requer educação:
As leis são necessárias mas insuficientes quando se trata de combater a intolerância nas suas raízes ou atitudes individuais. A intolerância tem frequentemente origem na ignorância e no medo: medo do desconhecido, do outro, de outras culturas, nações, religiões. A intolerância encontra-se também intimamente ligada a um sentimento exagerado do seu próprio valor, de orgulho que pode ser pessoal, nacional ou religioso. Estas noções ensinam-se e aprendem-se desde a infância; pelo que a educação para a tolerância deve intensificar-se. É preciso habituar as crianças, tanto em casa como na escola, a mostrarem-se mais abertas, curiosas e receptivas.
A educação é um processo contínuo que se prolonga durante toda a vida; não começa nem termina na escola. As tentativas de incutir a tolerância por meio da educação não terão êxito se não se dirigirem a todos e em todas as partes: em casa, na escola, no trabalho, em lugares de diversão e, agora, através das auto-estradas da informação.
3 - A luta contra a intolerância requer o acesso à informação:
A intolerância é muito perigosa quando se usa ao serviço de ambições políticas e territoriais de um indivíduo ou grupo. Os que incitam ao ódio começam com frequência por identificar os alicerces da tolerância na opinião pública antes de expor argumentos falaciosos, jogando com as estatísticas e manipulando o público apoiando-se em preconceitos e falsas informações. O meio mais eficaz para limitar a influência destes propagadores de ódio é tomar medidas que favoreçam a liberdade de imprensa e o seu pluralismo, a fim de que os leitores possam distinguir entre factos e opiniões.
4 - A luta contra a intolerância requer uma tomada de consciência individual:
O sectarismo, os estereótipos, os insultos e as anedotas e gracejos racistas são outros tantos exemplos de tipos de manifestação individual com que se encontram confrontadas diariamente numerosas pessoas: incita as suas vítimas a vingar-se. Para combater a intolerância devemos dar-nos conta do vínculo que existe entre o nosso comportamento e o círculo vicioso da desconfiança e a violência na sociedade. Cada um de nós deveria começar por se perguntar: Sou tolerante? Tenho estereótipos em relação a certas pessoas ou grupos? Rejeito os que são diferentes de mim? Culpo-os das minhas dificuldades?
5 - A luta contra a intolerância requer soluções locais:
Muitos de nós sabem que os problemas de amanhã vão mundializar-se cada vez mais, mas poucos se dão conta de que a solução destes problemas é local e inclusive individual. Face ao aumento da intolerância que nos rodeia, não devemos esperar que os governos e as instituições actuem sós. Todos fazemos parte integrante da solução. Não deveríamos sentir-nos impotentes, pois possuímos uma capacidade enorme de poder. A acção não violenta é um meio de exercer este poder, o poder do povo. Os instrumentos da acção não violenta -- formar um grupo para encarar um problema, organizar uma rede local, exprimir a sua solidariedade para com as vítimas da intolerância, detectar e desprestigiar a propaganda odiosa -- estão à disposição de todos os que querem acabar com a intolerância, a violência e o ódio.


A história que pesquisámos.

O Barco de Papel

Convidamo-vos a olhar para o barco da nossa vida e a ouvir com atenção a narração que se segue.
«Narrador: Era uma vez um barco de papel, que se fez ao mar. Barco de papel, no meio do mar, estão a ver o que lhe aconteceu... Escangalhou-se à primeira onda. E regressou à praia. Estatelado na areia, era uma lástima vê-lo.
Andava por ali um jornalista, coleccionador de desastres e desgraças, que, ao vê-lo, lhe perguntou:
Jornalista: Senhor barco de papel, como se sente, depois da aventura?
Narrador: O barco, todo amarrotado pelo desespero e a humilhação da derrota, esboçou um sorriso. Um sorriso de papel:
Barco: O que sinto vê-se. Não lhe posso dizer mais nada.
Narrador: Mas o jornalista insistiu:
Jornalista: Atribui, porventura, o seu naufrágio a alguma causa em especial?
Barco: À minha pouca prática, apenas - respondeu o barco de papel. - E pode escrever que também à minha falta de vocação.
Narrador: O jornalista ainda:
Jornalista: Falta de vocação? Interessante. Nesse caso, se pudesse ter voltado atrás, o que teria sido?
Narrador: O barco de papel ou o que dele sobrara fugiu da pergunta, aproveitando o escorrega de uma onda, que descia da praia. Estava muito cansado o barco de papel. Mas o jornalista, molhando os sapatos, correu atrás dele:
Jornalista: Não chegou a dizer-me, senhor barco de papel... Por favor, o que teria sido se pudesse voltar atrás?
Narrador: De longe, quase desfeito, o barco respondeu:
Barco: Avião de papel. É evidente. E hei-de conseguir.

António Torrado






Reflexão

A maravilhosa descoberta da nossa vocação é uma viagem com diversas tentativas. Desde o nosso nascimento e baptismo que somos chamados a viver e a desenvolvermos a nossa vocação de filhos de Deus. Uns de uma forma, outros de outra. Todos somos chamados a realizar algo para sermos felizes, e felizes com os outros. O que importa é escutar dentro de si Deus, que vai suscitando, com as várias situações da vida, respostas para concretizarmos um projecto. Como o barco: não desistir. Todos nós somos vocacionados, somos chamados; basta manter a calma, deixando-nos ajudar, confrontando com alguém, sem medo. Seja a nível de projecto de vida, seja a nível profissional. O que importa é a tua felicidade, numa vivência saudável com os outros, onde reina o respeito, a verdade, a tolerância e a fidelidade.

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